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| Foto: E o Vento Levou / Fonte: Google Imagens |
Resenha Literária — E o Vento Levou, de Margaret Mitchell
Eu nunca fui de aceitar um "não". E se você me disser que algo é impossível, pode ter certeza que eu vou provar o contrário. Talvez seja por isso que eu me apaixonei por Scarlett O'Hara.
Este não é um romance qualquer. E o Vento Levou (Gone with the Wind), de Margaret Mitchell, é um soco no estômago disfarçado de épico. A história me transportou para o Sul dos Estados Unidos, onde o algodão era rei e eu, bom, eu era só uma garota mimada que achava que o mundo girava ao meu redor.
A Guerra Civil chegou e levou tudo: minha casa, minha segurança e as ilusões de que eu teria o homem que queria, Ashley Wilkes. Mas o fogo da guerra só me fez mais forte.
Esta é a minha resenha sobre como aprendi a sobreviver e lutar para manter minha terra, Tara, custe o que custar. E, claro, vou falar sobre ele, o único que realmente me viu por quem eu era: o cínico e irresistível Rhett Butler. Ele me irrita, me desafia e me assusta, mas, no fim, eu sei que a nossa história é o verdadeiro furacão deste livro.
Afinal, como disse Scarlett, "Vou pensar nisso amanhã." E hoje, eu vou escrever sobre tudo o que senti ao ler esta obra!
Sinopse do livro E o Vento Levou
Há histórias que nascem do caos — e E o Vento Levou é uma delas.
No coração do sul dos Estados Unidos, em meio à Guerra de Secessão, Scarlett O’Hara aprende que a vida pode ser tão cruel quanto bela. Filha mimada de uma fazenda rica, ela vê o mundo desabar diante de seus olhos — e descobre, entre ruínas e paixões, o que realmente significa sobreviver.
Entre o amor impossível por Ashley Wilkes e a relação tempestuosa com Rhett Butler, Scarlett vive não apenas uma guerra externa, mas uma batalha interna entre o orgulho e o desejo, entre o passado que a consome e o futuro que a chama.
É uma saga de amor e resistência. Mas também é um retrato implacável da alma humana quando confrontada com a perda e o tempo.
Introdução à obra E o Vento Levou
Sociedade e Cultura do Velho Sul (Pré-Guerra)
A sociedade retratada no início do livro é rígida, hierárquica e dependente da escravidão.
- A Plantation como Centro: O modo de vida girava em torno das grandes plantações (como Tara, a casa de Scarlett), que eram unidades econômicas e sociais autossuficientes. O latifúndio era o símbolo máximo de riqueza e status social.
- Códigos de Conduta Rígidos: Os costumes locais enfatizavam a galanteria masculina e a delicadeza feminina. As mulheres, como Scarlett, eram ensinadas a serem "Belles do Sul": charmosas, frágeis e superficiais, com o objetivo principal de fazer um bom casamento.
- O Casamento e a Imagem: O valor de uma mulher era medido pela sua beleza, seu dote e a qualidade de seu casamento. Scarlett, apesar de sua ambição e independência, precisava mascarar sua verdadeira natureza para se adequar ao papel social esperado..
Retrato Controversa da Escravidão
A representação dos negros e da escravidão é o aspecto mais criticado e problemático da obra.
- Visão Romantizada: O livro e, principalmente, o filme idealizam o sistema escravista, retratando a vida nas plantations como idílica e os escravos como contentes e leais aos seus "senhores".
- Estereótipos: Personagens como Mammy e Pork são baseados em estereótipos de negros fiéis, subservientes e ingênuos que, mesmo após a libertação, permanecem dedicados aos seus antigos proprietários. Essa visão nega os horrores e a brutalidade da escravidão.
- A Negação do Conflito: O romance silencia sobre a verdadeira causa da Guerra Civil — a manutenção da escravidão — focando a guerra apenas como um cataclismo que destrói a vida confortável da elite branca.
A Destruição e a Sobrevivência (Pós-Guerra)
O livro é historicamente significativo por sua representação vívida da destruição causada pela guerra e o difícil período da Reconstrução no Sul.
- A Inversão de Papéis: Scarlett é forçada a abandonar os costumes e a moral do "Velho Sul" para garantir a sobrevivência de sua família. Ela quebra todas as regras, trabalhando, administrando negócios e usando sua feminilidade de forma agressiva.
- O Caos Pós-Guerra: A Reconstrução é retratada como um período de caos, pobreza e invasão pelos nortistas (chamados de "carpetbaggers"), que são mostrados como moralmente reprováveis. Essa perspectiva reforça o ponto de vista confederado da história.
A obra é, portanto, um documento complexo: por um lado, é um épico de sobrevivência feminina notável; por outro, é uma fantasia perversa que romantiza a Confederação e a escravidão, refletindo e perpetuando o racismo estrutural da época em que foi escrito e lançado (1936/1939).
A perspectiva sobre o contexto, as polêmicas e as curiosidades por trás de Gone with the Wind (E o Vento Levou) é discutida neste vídeo de
Análise Pessoal da obra "E o Vento Levou", de Margaret Mitchell
"Eu li 'E o Vento Levou' com o coração apertado — não apenas pelas tragédias da guerra, mas por algo mais íntimo: o sentimento de ver alguém lutar desesperadamente para manter o controle sobre o que já foi perdido. Scarlett é como uma chama teimosa em meio a uma tempestade. Ela mente, manipula, ama e odeia com a mesma intensidade. E eu… eu me vi nela.
Ela representa o que há de mais humano em nós: o medo de aceitar que o amor não basta para mudar o destino.
'Rhett Butler', por outro lado, é o tipo de homem que compreende o abismo da existência — cínico, mas profundamente sensível. Entre eles, o amor é uma batalha sem vencedores.A leitura me fez perceber que o vento, no título, não é apenas o sopro da guerra. É o vento do tempo — aquele que leva tudo, menos as lembranças que doem."
Temas e Mensagens que o livro (E o Vento Levou) tenta passar ao leitor
- A força feminina diante da adversidade.
- A ilusão do controle e o preço da sobrevivência.
- A guerra como metáfora da ruína emocional.
- O amor destrutivo e a impossibilidade de conciliar orgulho e ternura.
- A passagem do mundo antigo para um novo — e a dor inevitável dessa transição.
1. A força feminina diante da adversidade
2. A ilusão do controle e o preço da sobrevivência
3. A guerra como metáfora da ruína emocional
4. O amor destrutivo e a impossibilidade de conciliar orgulho e ternura
5. A passagem do mundo antigo para um novo — e a dor inevitável dessa transição
Estilo de escrita da Autora para escrever "E o Vento Levou" e personagens
Margaret Mitchell escreve como quem sangra em silêncio. Sua narrativa é densa, vívida e emocionalmente exaustiva.
As descrições da guerra, da fome e da perda são tão reais que parecem queimar nas páginas. Mas o que mais impressiona é sua capacidade de unir o épico e o íntimo — o destino de um país e o coração de uma mulher.
O texto tem a intensidade de um suspiro longo: cada diálogo entre Scarlett e Rhett carrega mais tragédia do que mil batalhas.
Margaret Mitchell utilizou um estilo de escrita específico em E o Vento Levou que foi fundamental para construir a escala épica da obra e a complexidade de seus personagens.
Vejamos o Estilo de Escrita de Margaret Mitchell em E o Vento Levou para compreender a história em partes
O estilo de Mitchell combina a grandiosidade do épico histórico com a intimidade do drama psicológico, usando uma linguagem direta e envolvente.
1. Narrativa Épica e Detalhista
- Escopo Histórico: Mitchell usa uma narrativa em **terceira pessoa onisciente** que abrange mais de uma década. O narrador tem acesso aos pensamentos de todos os personagens, mas frequentemente se inclina para a perspectiva de Scarlett.
- Imersão: O estilo é notavelmente detalhista na descrição dos cenários do Velho Sul, dos costumes sociais (os bailes, as festas), das roupas e, principalmente, do caos da Guerra Civil (o cerco e a queima de Atlanta). Esse detalhismo constrói um mundo crível que o leitor pode visualizar e sentir.
- Ritmo Contrastante: A escrita alterna entre o ritmo lento e nostálgico do Velho Sul (pré-guerra) e o ritmo rápido e febril do período pós-guerra e da Reconstrução, espelhando a transição violenta da sociedade.
2. Foco na Psicologia Interna de Scarlett
- Voz Direta e Sem Filtros: A maior parte do tempo, a narrativa se ancora na mente de Scarlett. O leitor é exposto aos seus pensamentos mais egoístas, manipuladores e ambiciosos sem o filtro moral. Isso torna Scarlett uma protagonista complexa e controversa, pois o leitor a entende mesmo quando a desaprova.
- Diálogo Afiado: Mitchell é mestre em diálogos cheios de conflito e ironia, especialmente nas trocas entre Scarlett e Rhett. O diálogo não apenas avança a trama, mas revela o orgulho e o desprezo mútuo que mascara o amor entre eles.
3. Retrato de Personagens Arquetípicos
Mitchell constrói seus personagens de forma a que eles representem tipos sociais e morais, facilitando a compreensão do conflito da época:
- O Anti-Herói (Rhett Butler): Rhett é retratado com cinismo, inteligência e charme. Ele é o observador do caos que se recusa a seguir as regras, sendo um produto do novo mundo capitalista. Seu estilo de falar, direto e irônico, o diferencia dos cavalheiros formais.
- O Ideal (Ashley Wilkes): Ashley é desenhado como um ideal romântico do passado, um homem fraco, poético e ineficaz para o novo mundo. Ele é um contraste direto com a força de vontade de Scarlett, sendo mais um símbolo do que um homem real.
- O Símbolo Moral (Melanie Wilkes): Melanie é o contraponto moral e a representação da bondade, lealdade e força silenciosa, personificando as virtudes que Scarlett rejeita em sua busca pela sobrevivência.
Por fim, vale ressaltar que o estilo de Mitchell é uma mistura potente de realismo histórico e drama psicológico, que usa uma narrativa expansiva para colocar o leitor diretamente no centro da ruína de uma civilização.
Prós (Acertos da história)
- Personagens complexos, contraditórios e humanos.
- Retrato histórico detalhado e imersivo.
- Um romance arrebatador que transcende o amor romântico.
- Escrita madura, profunda e cinematográfica.
Contras (Erros da obra)
- Algumas passagens longas podem cansar leitores modernos.
- A visão histórica reflete valores ultrapassados da época — o que exige olhar crítico.
- Scarlett pode causar repulsa e fascínio ao mesmo tempo — o que torna a experiência emocionalmente desgastante.
Possíveis Inspirações da Autora para escrever E o Vento Levou
Mitchell cresceu ouvindo histórias sobre a Guerra Civil e o declínio do sul americano. Talvez, em Scarlett, ela tenha projetado a mulher que se recusava a sucumbir.
Rhett Butler, com seu sarcasmo e cansaço do mundo, parece ecoar o homem moderno que já não acredita em nada — nem no amor, nem em si mesmo.
A autora não escreveu apenas sobre um tempo que acabou; escreveu sobre o fim de todas as ilusões.
Obras Semelhantes
- Razão e Sensibilidade, de Jane Austen — pela luta entre emoção e razão em tempos sociais opressivos.
- Jane Eyre, de Charlotte Brontë — pela força e solidão da protagonista.
- Madame Bovary, de Gustave Flaubert — pela complexidade de uma mulher que busca significado em meio à vaidade e à dor.
Reflexão Final sobre "E o Vento Levou", de Margaret Mitchell
Quando fechei o livro, senti um vazio estranho — como se o vento tivesse passado por mim também, levando algo que eu nem sabia que ainda guardava.
Scarlett O’Hara não é uma heroína. Ela é um espelho. Um reflexo de todos os nossos orgulhos, amores e arrependimentos.
E quando ela diz, com voz quebrada, “Amanhã é outro dia”, eu acreditei — não por esperança, mas porque às vezes, sobreviver já é o bastante.
Informações do Livro na Play Google Books
Informações da obra na Editora Record
Título: E o Vento Levou (Gone with the Wind)
Autora: Margaret Mitchell
Ano de Publicação: 1936
Gênero: Romance histórico, drama, guerra, tragédia romântica
Editora: Record / Companhia das Letras (edições brasileiras)
Tradução: Heitor Aquino Ferreira
Páginas: 960 (edição integral)
ISBN: 9788501044458
Classificação: 16+ anos
🔗 Saiba mais:
https://www.record.com.br/livro/e-o-vento-levou/
